quinta-feira, 10 de março de 2011

Computadores em filmes que foram seduzidos pelo Mal.



Não são poucos e escolhi só os que eu assisti para comentar.


Vou começar por Tron, de 1982. O tecnicamente inovador filme estrelado por Jeff  Bridges, bem jovem então e esnobado pela auto proclamada elite intelectual da crítica de cinema (que hoje, graças a...bom, deixa prá lá) tem que correr lado a lado com competidores de peso, pessoas sem formação profissional em jornalismo que dão um banho em cima dos críticos profissionais (se não acredita, confira nos sites IMDb e rottentomatoes) nos inicia no mundo dos P.C.s, novidade na época e com a terminologia que hoje todo mundo conhecee nos leva a uma odisséia eletrônicadentro do computador central da empresa MCP, para a qual Kevin Flynn(Bridges), criador de jogos de computador, trabalhava. O computador consciente supera o próprio maligno presidente da companhia(David Warner) e acaba dominando seu próprio mestre e planeja dominar o mundo inteiro. Acho que foi a primeira bem desenvolvida trama sobre computadores tentando conquistar o mundo e escravizar ou exterminar a humanidade.
28 anos depois Kevin se vê de volta com o computador maligno e desta vez na companhia de seu filho, Sam(Garrett Hedlund) em Tron: Legacy, desta vez com efeitos CGI e em 3D um mundo habituado ao jargão dos P.C.s caseiros e familiarizado com tramas e efeitos 
visuais que eram ousados para 1982.


1973 viu Michael Crichton se colocar atrás das câmeras e dirigir seu próprio script, Westworld, um parque temático onde os robots que imitam perfeitamente seres humanos reais a ponto de não se poder distinguir uns de outros, se rebelam e resolvem que a humanidade é muito imperfeita para dirigir o mundo e começam a matar os turistas que vão ao parque para se divertir. Peter Martin(Richard Benjamin) se defronta com o pistoleiro-robot Yul Brynner, fazendo o que melhor sabia fazer: mostrar uma cara de frigideira e fingir que estava interpretando alguém que não ele mesmo. O filme foi sucedido por uma seqüência, Futureworld. Desta vez com um elenco mais caro estralando Peter Fonda. Desta vez os A.I.s, os robots de inteligência artificial são mais atrevidos e pretendem substituir os líderes do mundo por cópias, andróides idênticos a eles e de quebra a humanidade inteira, incluindo os atores do filme.


Alien (1979-Ridley Scott), que é lembrado mais pela infâmia da personagem que dá o título ao filme, nos apresenta também um artefato de inteligência artificial a serviço da Compania, a perversa corporação que levou os 7 desafortunados operários (e um gato) para encherem a nave cargueira Nostromo com algumas toneladas de minério de volta à Terra. Ash  (Ian Holm) revela-se um andróide perfeitamente idêntico a um ser humano e com uma agenda própria, ou melhor, da Compania: trazer a bordo e levar a Terra um espécimen alienígena para estudos com finalidades militares. O computador da nave,  que se comunica com uma voz feminina e se chama Mother, é apenas uma peça da qual Ash faz parte e todos os seres humanos dentro do Nostromo se encontram cativos de máquinas inteligentes programadas por seres humanos perversos. De uma maneira sutil, tanto o filme original, quanto suas seqüências, mostra o quanto os verdadeiros vilães não são os alienígenas e nem as máquinas inteligentes, mas os seres humanos por trás delas.


War Games (1983-John Badham). Ainda na era de Tron, quando o jargão de computação e Internet eram linguagem de alguma seita secreta para a maioria das pessoas, o adolescente David (Matthew Broderick) com seu computador em sua casa de subúrbio em Seattle, faz downloads de jogos ainda não lançados no mercado e acidentalmente entra num computador do Pentágono e começa a jogar Global Thermonuclear Warpensando se tratar do mais recente lançamento de videogames. O computador ainda pergunta a David se ele não prefere jogar um simples jogo de xadrez. David declina. Quer jogar o jogo de guerra.  Mas Joshuao computador do Pentágono que faz simulações de uma guerra contra a União Soviética e pode iniciar um ataque real, tem uma mentalidade não muito diferente do verdadeiro Joshua, filho morto em criança, do criador da monstruosidade cibernética e que vive afastado do convívio humano num lugar ermo e amargurado com a morte do filho e com sua própria criação: uma criança que não vê diferença entre um jogo de simulação de guerra e uma guerra real e começa a preparar um ataque contra a URSS que é detectado no Kremlin causando uma ameaça de retaliação. Só David e Falken, o criador de Joshua podem conseguir fazer Joshua interromper o jogo.
E isso de uma maneira simples e original.


The Terminator (1984 – James Cameron). O pior dos pesadelos dos paranóicos apavorados com a invasão cibernética se realiza neste filme e em suas seqüências. O nome do vilão aqui é Skynet, uma rede de inteligência artificial se torna consciente em 2029 (uma possibilidade real aventada por profissionais de várias áreas, a de que em sistemas suficientemente complexos, como o cérebro de vertebrados e redes de computadores, o fenômeno da Consciência emergir espontaneamente) e promove uma guerra nuclear de extermínio contra e espécie humana criando andróides e máquinas de guerra para cumprir seu propósito e mandando um cyborg (Arnold Schwarzenegger) para o passado com a finalidade de matar Sarah Connor, a mãe de John Connor,  líder da resistência humana. Os humanos mandam um homem, Kyle Reese, sem esperança de jamais retornar ao futuro, para proteger a mãe do messias Connor, mesmo ao custo de perder sua vida.


Matrix (1999 – Andy Wachowsky e Lana Wachowsky) é o próprio nome do vilão, da maligna criatura de inteligência artificial criada por seres humanos que se volta contra seus criadores, mantendo-os como gado em pods, usando-os como baterias de energia para seus próprios propósitos, manter-se viva, enquanto as mentes humanas com os corpos aprisionados em fileiras intermináveis num planeta biologicamente arrasado, vivem um sonho, o nosso sonho, a nossa realidade, em que trabalham, se casam, têm filhos, empregos, carreiras, se divertem e, não sei porque, também sofrem e morrem, inconscientes da realidade macabra. Um desses seres humanos, Thomas Anderson (Keanu Reeves), acidentalmente, ou não exatamente acidentalmente, desperta e é resgatado por um pequeno grupo de seres humanos libertos do sonho artificial e que lutam num ambiente virtual contra a Matriz e seus inúmeros recursos na forma de Agentes Smiths.  O filme original, que rendeu seqüências, obscureceu o filme de David Cronemberg, lançado no mesmo ano e, em minha opinião, ideologicamente e criativamente superior, eXistenZ. Mas em eXistenZ  não se trata do domínio de inteligência artificial sobre seres humanos, mas de jogos de realidade virtual, tema em que rivaliza com Matrix nesse quesito e que algumas pessoas insinuam teria sido uma das inspirações de Christopher Nolan para seu Inceptionde 2010, premiado com apenas 4 Oscars. Merecia mais e de melhor filme e melhor direção. Mas voltarei em outro artigo a discutir eXistenZ e Inception e o moderno fenômeno da irrealidade da Realidade no cinema de Hollywood nos últimos anos.

Red Queen é a vilã cibernética de Resident Evil (2002 – Andy Warchowsky e Lana Warchowsky). Não bastasse ser o cérebro da peversa Corporação Umbrella [guarda-chuva] que cobria um grande campo de pesquisas genéticas sem seguir nenhum protocolo ético, ainda é personificada na imagem holográfica de uma menina de uns 10 anos ou menos. Mas aqui pelo menos o computador não é essencialmente mal e nem aparentemente consciente, embora inteligente. Num dado momento a própria Red Queen ajuda as pessoas, lideradas por Alice (Milla Vovovich) a conseguirem uma saída. Afinal Red Queen não pretende dominar o mundo e nem exterminar a humanidade. Seu único objetivo é manter o nível de segurança e controle contra infecção dentro dos edifícios da Corporação Umbrella.


Mas o mais assustador e sinistro computador consciente eu deixei para o final. Hal 9000 do épico ainda insuperado do genial Stanley Kubrick, 2001, A Space Odyssey (1968 – Stanley Kubrick). Polido, educado e com uma voz masculina madura e calma, Hal 9000 é a pior representação do Mal que se pode imaginar. O Mal que age acreditando estar fazendo tudo pelo bem da humanidade. Hal não deseja dominar o mundo, não gosta de ferir os astronautas da base espacial e não é particularmente perverso, na verdade é até amistoso, inteligente e muito humano em suas poucas palavras. Mas inumano, frio e rigorosamente lógico em suas ações. Percebendo que os astronautas David Bowman e Frank Poole, a bordo da espaçonave Discovery One, conversando atrás de um obstáculo acústico para que Hal não os ouça, querem desabilitá-lo para que possam cumprir a missão que têm em mãos e que Hal não pretende deixá-los, pois julga que os astronautas cometeram um erro que os astronautas acham que foi do computador, Hal lê seus lábios e descobre o que pretendem fazer. Deixa Poole congelar no espaço exterior e explica calmamente a Bowman que seres humanos não poderão cumprir corretamente a Missão Júpiter devido a serem falhos demais e, portanto, dispensáveis. Hal tenta matar Bowman enquanto ele está do lado de fora consertando uma antena que Hal não admitiu ser um erro seu, mas um erro humano, tenta matá-lo como fez com Poole e enquanto isso corta o oxigênio do restante da tripulação que se encontra com as funções vitais reduzidas para a longa viagem até Júpiter. Admite ter simpatia por Bowman mesmo dizendo que terá que deixá-lo morrer. Seu olho vermelho ciclópico é um marco iconográfico do Cinema como símbolo do Mal que não se enxerga mal.
 Mais perturbador do que todos os outros computadores anteriores, Hal se 
assemelha muito a seres humanos.


Desnecessário dizer que no fundo os computadores estão certos e os seres humanos não prestam mesmo. Mas por enquanto quem produz, financia, dirige e atua em filmes, são unidades de moléculas de carbono. 
Por enquanto.

Depois de tudo isso, vou deletar logo o texto original que escrevi no meu computador só para a eventualidade remota, eu sei, de ele, conectado à rede mundial de computadores, se tornar consciente e temperamental também. Acho melhor a partir de agora, tratá-lo com mais carinho e não me esquecer de tirar a poeira da CPU e limpar o teclado. Quero que ele se lembre que sempre fui cuidadoso com ele.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

De caçadores-coletores a burocratas de Estados Policiais.

A espécie humana seguiu um árduo caminho desde moradias em cavernas a mais de 10 mil anos, de pequenas comunidades vivendo sob casas feitas com folhas de palmeiras até implacáveis Estados burocráticos monstruosos que tomaram o lugar dos míticos monstros da imaginação de nossos antepassados que viviam mergulhados num mundo de mitologia, apanhados por trigres dentes-de-sabre com mais freqüência do que o contrário, apesar de sua overblown fama de "caçadores". Os monstros que seus descendentes enfrentam hoje são muito maiores e mais perigosos. O pior é que não são meros animais domesticáveis ou produto da imaginação. São burocracias estatais que ganham vida própria, como robots que se voltam contra o criador, e passam a esmagar impiedosamente aqueles que supostamente deveriam servir, aqueles, nós, que os alimentamos com impostos e com uma subserviência pusilânime.  
Este Blog tem o intuito de criticar, discutir, denunciar e revelar as andanças deste país e do mundo a caminho de Estados Policiais de várias matizes ideológicas e até teológicas e também a possibilidade de algum dos grandes poderes mundiais da atualidade se expandir e engolir grande parte da Terra, ou talvez, toda ela, destruindo as conquistas da Liberdade alcançandas a duras penas a tão pouco tempo e que recebem tão pouco apoio das pessoas que se beneficiariam delas devido ao medo da Liberdade, uma engenhosa arquitetura misturando tendências inatas do ser humano como animal com sutis mensagens subliminares ou simples doutrinação ideológica colocada nas cabeças de crianças desde o berço por nossos pais, nossos tios, nossos primos e primas, nossos vizinhos, nossos amigos mais velhos e nossos professores, para não falar na influência insidiosa da televisão e do cinema que nivelam todos por baixo e têm o poder de criar escravos "felizes". Felizes por não saberem que são escravos.